Timor-Leste: Director da Clínica Bairo Pite acusado de corrupção

Díli - Daniel Murphy, um profissional de saúde norte-americano, director e fundador da melhor clínica privada em Díli, é acusado de abuso de poder desde a criação do espaço de saúde, em 1999.

É do conhecimento público que Daniel Murphy e os seus colegas da Clínica Bairo Pite fornecem uma fonte contínua e confiável de apoio gratuito de cuidados de saúde à população timorense com dificuldades. A visão de Daniel Murphy e o seu compromisso incansável deram origem à criação da Clínica Bairo Pite, que se tornou no maior e melhor-sucedido espaço de saúde em Timor-Leste, sem apoio governamental.

Daniel Murphy é um dos homens mais notáveis no país, tendo-se dedicado ao serviço dos menos afortunados. O seu compromisso com a construção de uma instituição que serve o interesse dos doentes necessitados é um grande legado para o povo de Timor-Leste.

A clínica fornece tratamento e controlo da tuberculose, cuidados de maternidade infantis, tratamento da malária, gastroenterite, pneumonia, serviços odontológicos, administração de vacinas, divulgação de saúde e formação para os profissionais de saúde timorenses e orientais.

Daniel Murphy tem trabalhado com dez estudantes de medicina timorenses, que iniciaram o percurso escolar na Indonésia e não têm oportunidade de voltar às suas antigas escolas. Cinco estudantes conseguiram retomar os estudos no exterior e Murphy tem ajudado os restantes na intenção de frequentarem as escolas de medicina ocidentais. Os estudantes de enfermagem de Lahane, Timor-Leste, também passaram pela Clínica Bairo Pite, como parte da sua capacitação.

O Estado de Timor-Leste premiou Daniel Murphy pela sua obra que serve o povo timorense. A Clínica Bairo Pite recebe um subsídio do Governo através do Ministério da Saúde, todos os anos, que apoia as suas actividades, bem como dos dadores, que também fornecem fundos anualmente.

No entanto, o pessoal da clínica critica o director por considerar que este não mostra transparência na liderança. Na carta enviada ao Ministério da Saúde, assinada por 55 trabalhadores, o pessoal disse que Daniel Murphy deverá ser investigado pois acredita que o responsável esteja envolvido em actividades de corrupção. A missiva refere que o líder foi convidado para dirigir a clínica mas apenas admite pessoas estrangeiras para os cargos de gestão.

A carta diz ainda que o espaço de saúde possui duas contas bancárias mas, no relatório mensal de contas, apenas uma é mencionada. Segundo a nota enviada ao Ministério da Saúde, a segunda conta bancária tem sido usada pelo médico norte-americano para poupança dos donativos.

«Os trabalhadores suspeitam de que a segunda conta bancária poderá ter sido usada para os interesses de algumas pessoas, dado que não sabem o montante presente na conta», lê-se na missiva escrita pelos funcionários, que também acusam Murphy de ter vendido uma ambulância, cedida pelo Governo, a um estrangeiro em Díli.

A PNN apurou que uma ambulância doada pelo Kuwait ao Governo de Timor-Leste é, de facto, usada por um cidadão estrangeiro em Díli. Acredita-se que a referida viatura é a mesma que pertenceu à Clínica Bairo Pite.

Os funcionários disseram que o estabelecimento foi fundado por dois timorenses, incluindo uma freira da Igreja Católica, e apelaram ao Ministério da Saúde no sentido de abrirem uma investigação ao caso.

Daniel Murphy afirmou que não está preocupado com a carta de acusação. O médico, que acabou de retornar das férias, disse estar focado em servir a população timorense necessitada, reconhecendo que muitos médicos estrangeiros estão a trabalhar consigo por quererem dar o melhor tratamento de saúde ao povo de Timor-Leste. No entanto, o responsável não concordou com a acusação de discriminação aos médicos timorenses e referiu que não vendeu nenhuma viatura ao cidadão estrangeiro.

Uma organização não-governamental de Díli mostrou-se preocupada com a questão. O director da ONG Luta Hamutuk, Mericio Akara, pediu à comissão anti-corrupção para investigar o caso e pediu ao Ministério da Saúde para dar atenção ao problema, uma vez que, mesmo tratando-se de uma clínica privada recebe anualmente apoios do Estado.

«Como cidadãos timorenses estamos descontentes com o acto discriminatório e não transparente mostrado pelo líder da clínica», disse Mericio Akara.

(c) PNN Portuguese News Network

2013-08-28 12:43:34