Moçambique: Onda de violência em Maputo e Matola já vitimou mais de 20 famílias
Maputo Está instalado um clima de terror e insegurança em quase todos os bairros periféricos de Maputo e Matola, no sul de Moçambique.
Uma grupo de criminosos tem estado a assaltar casas e a torturar as pessoas com uma brutalidade sem precedentes. As vítimas homens, mulheres e crianças - são primeiro violadas e depois agredidas com um ferro de engomar, em diversas partes do corpo. Em Maputo e Matola, o assunto está na ordem do dia. Nos cafés, bares, transportes semi-colectivos e nas escolas, o tema de conversa é precisamente a vaga de violência.
O que torna a situação preocupante é que, na maior parte dos casos, o grupo auto denominado «G-20», em referência ao número de membros, pode invadir uma casa sem a intenção de roubar nenhum objecto de valor, mas apenas de violar as vítimas e agredi-las com o ferro de engomar.
Os suspeitos só actuam na periferia e, na maioria dos casos, contra famílias sem posses. Há já três semanas que essa onda de brutalidade se instalou na capital do país e na cidade vizinha, Matola. Nos últimos dois dias, duas mulheres perderam a vida depois de violadas nas suas residências. Estima-se que mais de duas dezenas de famílias tenham sido vítimas da actuação do gangue.
No seio de todo esse ambiente, a polícia tem-se mostrado inoperante e é acusada de estar a contribuir, através da apatia, para que os suspeitos continuem a agir. Aliás, dada a ausência das autoridades policiais dos bairros periféricos, a própria população é que está a patrulhar as ruas para garantir a sua própria segurança. Durante a vigilância, quem for confundido, é automaticamente punido. Assim, está instalado um grave clima de desordem e desconfiança, nunca vistos depois da guerra civil.
Quando anoitece, as mulheres ficam em conjunto nas ruas, com medo de serem violadas, enquanto os seus maridos patrulham os bairros. O porta-voz da polícia, Pedro Cossa, referiu a questão da exiguidade de meios para se fazer presente nos bairros pobres, onde a violência se instalou. Pedro Cossa chegou a acusar a própria população de ser «culpada» pelo que está a acontecer, ao afirmar à comunicação social que «a população não está a colaborar». Tais declarações provocaram agitação no seio das populações.
Dada a ausência quase que completa das autoridades, a gangue chegou ao extremo de afixar panfletos nos postes de energia e nas paredes, anunciando a sua presença em determinado bairro.
«Hoje vamos trabalhar aqui», lê-se nos panfletos que o grupo de delinquentes distribui pelos bairros periféricos de Maputo e Matola.
Começam a surgir várias interpretações para explicar o caso de terror. Já não se acredita que seja apenas um grupo, por si só, a executar esta onda de violência. Nas redes sociais já começam a ser ponderadas teorias de conspiração, que associam o gangue à inoperância da polícia e ao facto de nenhum membro do Governo, em três semanas de extrema violência, se tenha pronunciado no mínimo em solidariedade para com as vítimas. Facto é que se sente medo, insegurança e incerteza nos bairros periféricos de Maputo e Matola.
(c) PNN Portuguese News Network
2013-08-09 11:33:54
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