Dois jovens timorenses detidos na Malásia
Díli Os Serviços de Imigração da Malásia detiveram dois cidadãos timorenses que se dirigiam para Inglaterra, no Aeroporto Kuala-Lumpur, porque um deles não sabia falar a língua malasiana.
Mariazinha da Costa, de 26 anos de idade, e Joni Brazil, de 22 anos de idade, foram detidos a 29 de Julho, no Aeroporto Kuala-Lumpur, porque o jovem não conseguiu responder às perguntas feitas pelos oficiais dos serviços de Imigração malasianos.
Antes de serem deportados para Timor-Leste, a 2 de Agosto, os cidadãos timorenses ficaram presos. Os jovens disseram que deixaram Díli a 29 de Julho, no período da tarde, e chegaram a Kuala-Lumpur vindos do aeroporto de Bali, na Indonésia.
A partir de Kuala-Lumpur iriam voar para Abu Dhabi, Qatar, e depois para a capital inglesa, para trabalharem. Mariazinha da Costa disse que, depois de ter passado a verificação, viu o seu companheiro de viagem a ser detido pelos agentes da imigração, tendo voltado atrás para questionar as autoridades sobre o motivo.
Entretanto, o seu passaporte português, que ia utilizar para viajar para Inglaterra, foi confiscado e a viagem cancelada.
Mariazinha da Costa e o seu amigo questionaram a imigração, tendo as autoridades justificado a detenção com o facto de Joni Brazil não saber falar malasiano. Os cidadãos timorenses pediram aos serviços de Imigração para usarem o seu próprio dinheiro na compra dos bilhetes de volta para o seu país, no valor de 350 dólares.
Os jovens chegaram a Bali a 2 de Agosto. As suas famílias enviaram a quantia para a compra da viagem de Bali para Díli.
Mariazinha da Costa disse à PNN que os dois foram colocados em celas separadas na cadeia do aeroporto, tendo ficado na zona destinada às mulheres e Joni Brazil na área dos homens, durante três dias que classificou como difíceis, uma vez que dormiam no chão e tinham apenas uma refeição por dia.
«Eles só nos davam comida à noite», disse Mariazinha da Costa, que ficou doente devido ao mau tratamento por parte dos oficiais de imigração.
«A minha sorte foi que uma mulher da Índia, que também estava presa, deu-me um medicamento que ajudou a sentir-me muito melhor», contou a testemunha.
Joni Brazil não adoeceu mas estava sobre pressão por não conhecer a língua malasiana: «Não sei falar malasiano ou indonésio porque fui para a escola apenas depois da independência», referiu Joni, que tem um nível de escolaridade muito baixo.
O jovem teve que deixar a escola secundária no segundo ano porque os seus pais não tinham condições para pagar as propinas escolares.
Os cidadãos timorenses dirigiram uma carta à Embaixada da Malásia em Díli, a 7 de Agosto, mas ainda não obtiveram resposta. Também fizeram uma marcação para se encontrarem com o ministro das Relações Exteriores, em Díli, para darem conta do seu problema, mas também não tiveram qualquer resposta ainda.
Desde a independência total do país, em 2002, o Governo português tem vindo a ceder o seu passaporte aos timorenses que querem ir para a Inglaterra e Irlanda à procura de emprego.
Dados recentes do Governo de Díli apontam para que cerca de 15 mil timorenses estão estabelecidos em Inglaterra e na Irlanda. Muitos trabalhadores têm enviado dinheiro para suas famílias em Timor-Leste, para atender às suas necessidades.
Mariazinha da Costa e Joni Brazil disseram que vão continuar a viagem para a Inglaterra, porque não há oportunidades de trabalho em Timor-Leste. A jovem pretende ganhar dinheiro em Londres para poder continuar os estudos, ao nível universitário e Joni Brazil deseja angariar dinheiro para o futuro.
(c) PNN Portuguese News Network
2013-08-19 14:09:45
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