Timor-Leste celebra os 100 anos da luta contra a colonização
Díli - Timor-Leste comemorou o aniversário dos 100 anos de revolta contra a colónia portuguesa, levada a cabo por Dom Boaventura, um Rei timorense em Manufahi, no sul do país, e dos 37 anos da proclamação da independência.
Em 1912, Dom Boaventura lutou contra o Governo Português, que colonizou Timor-Leste, apoiado pelos Reis de Rai Mean, no Kamanasa, e outros Reis, mas acabou por ser preso e morto pelas forças portuguesas.
O sonho da independência, que havia sido iniciado por muitos timorenses no passado, incluindo Dom Boaventura, foi reafirmado pelo partido FRETILIN, em 1975, que proclamou unilateralmente a independência do país a 28 de Novembro desse ano. O texto de proclamação foi lido pelo Presidente do partido, Francisco
Xavier do Amaral.
Mas, após a declaração de liberdade, as forças militares da Indonésia invadiram Timor-Leste. A FRETILIN levou o povo para as montanhas e selvas para lutar contra a ocupação indonésia.
A luta de 24 anos finalmente trouxe autodeterminação ao povo timorense, através do referendo de 30 de Agosto de 1999. Timor-Leste teve total independência a 20 de Maio de 2002, após o país ter estado sob a transição da ONU, depois do referendo.
A celebração no distrito de Manufahi foi conduzida pelo Presidente da
República Taur Matan Ruak. O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, e representantes de outros Estados-membros da CPLP também participaram na cerimônia.
Milhares de pessoas de 13 distritos de Timor-Leste assistiram ao acontecimento. Um dos fundadores do país e atual secretário-geral da FRETILIN de Mari Alkatiri leu a proclamação.
Durante o evento, o Presidente da República timorense também inaugurou a estátua de Dom Boaventura e disse que, por causa da liberdade da sociedade timorense, Dom Boaventura ergueu-se contra o colonialismo.
Os líderes da FRETILIN em 1975, mostraram o seu empenho em libertar o país e Xanana Gusmão liderou a resistência nacional contra a Indonésia e, finalmente, a independência foi conquistada, disse Taur Matan Ruak.
Mari Alkatiri felicitou a família, especialmente o filho de
Nicolau Lobato, José Lobato, que recebeu medalha do seu pai como reconhecimento de um herói nacional do Estado.
José Lobato agradeceu ao Estado timorense, em especial ao Presidente da República, que o congratulou pelo envolvimento de seu pai na luta pela independência total do país.
Mari Alkatiri e José Lobato elogiaram o percurso de Dom Boaventura e dos heróis da FRETILIN contra o colonialismo. Os timorenses estão felizes por estarem agora livres nas suas terras.
«Nós timorenses tomámos finalmente a posse da nossa terra, um objectivo perseguido pelos nossos ancestrais desde que o primeiro navio português chegou às margens da ilha de Timor, em 1500. O Rei guerreiro do século XIX, Liurai Dom Boaventura, é o mais lembrado e mais admirado Rei indígena. Hoje, ele representa todos os combatentes nacionalistas da nossa luta para a autodeterminação», referiu Elizabete Gomez, no seu discurso.
Os netos de Dom Boaventura exigiram ao Governo português que mostrasse o túmulo do Rei e o Embaixador português em Timor-Leste disse que o seu Governo está pronto para cooperar com Timor-Leste, no sentido de identificar a sepultura de Dom Boaventura.
No entanto, o Primeiro-ministro Xanana Gusmão pediu à família de Dom Boaventura para não insistir nessa exigência: «Eu peço à família para esquecer o túmulo do Rei», disse Xanana Gusmão, dado que o Governo português apoiou fortemente o povo timorense na libertação da ocupação indonésia no passado.
Após a independência, Portugal continuou a dar o seu apoio ao desenvolvimento de Timor-Leste. No início da independência, o país concedeu dois navios à Força de Defesa timorense, bem como militares, policiais e acções de treino. Portugal está também a apoiar o desenvolvimento da língua portuguesa em Timor.
Portugal está entre os países que contribuem com o maior número de agentes policiais desde que a Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (UNMIT) foi criada, na sequência da crise de 2006.
Desde 2006, cerca de 2 mil policiais portugueses têm vindo a contribuir para a estabilidade e a paz no país. O Comissário da polícia da UNMIT, Luís Carrilho, disse que «a polícia de Portugal tem desempenhado um papel importante na capacitação da polícia nacional e assegurado a paz em Timor-Leste».
«A PNTL tem feito progressos significativos, apoiados pela polícia de Portugal. Estes homens e mulheres ajudaram-nos a restaurar a lei e a ordem e a treinar a polícia timorense. Eles podem voltar para casa muito orgulhosos do que conseguiram. É agora a nossa vez de ajudar os outros, com vários agentes da PNTL elegíveis e prontos para participarem em missões de paz da ONU», acrescentou o Comandante-geral da PNTL, Longuinhos Monteiro.
A UNMIT deverá retirar-se no final de 2012, com cerca de 1200 oficiais da polícia internacional. O Presidente Taur Matan Ruak disse que os cidadãos timorenses devem reforçar a unidade no sentido de levarem o país a avançar. Cada um deve trabalhar profundamente para o país, referiu Taur Matan Ruak.
O Governo teve que trabalhar muito para resolver muitos problemas, nomeadamente de saúde, educação, alimentares, de infraestruturas de estradas, eletricidade e económicos.
«Com a participação de todas as comunidades locais poderão ajudar e garantir a implementação do investimento», referiu o Presidente.
Taur Matan Ruak felicitou ainda a Comissão da União Europeia por ter sido distinguida com o Nobel da Paz e disse que Timor-Leste vai continuar a sua cooperação com a comunidade internacional incluindo membros da ASEAN, Austrália, Nova Zelândia, Portugal e outros membros da CPLP, China, EUA e a Comissão União Europeia.
Mari Alkatiri mostrou-se honrado por ter lido o texto de independência, dado que ainda está vivo. José Ramos Horta é outro fundador da RDTL ainda sobrevivente.
(c) PNN Portuguese News Network
2012-11-28 13:21:24
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